Segundo a Embrapa, em Itapetininga (SP), o déficit hídrico pode tornar a cultura vulnerável nas próximas décadas
Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) analisou o cenário das mudanças climáticas nos cultivos de eucalipto no Sul do Brasil e parte de São Paulo. Das três áreas analisadas, duas poderão sofrer poucas alterações na produtividade e uma será mais impactada, porém todas foram consideradas adaptadas para a produção de eucalipto nos próximos 30 anos.
Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, explica que a indústria madeireira está muito interessada em olhar para as adaptações que a silvicultura poderá enfrentar. “As plantas industriais são muito caras, e se não tiver produto nessas fábricas isso vai ficar ainda mais caro e inviabilizar o negócio”, comenta.
Apoiado pela Klabin, um recente estudo feito com a Embrapa Florestas aponta o município de Itapetininga, no interior de São Paulo, como mais suscetível às mudanças do clima, o que pode comprometer a produção de eucalipto. Além da região paulista, foram compiladas informações também de Telêmaco Borba (PR) e Otacílio Costa (SC), por serem tradicionais no cultivo do eucalipto e possuir dados e séries históricas climáticas consistentes.
O pesquisador da Embrapa esclarece que no Paraná e Santa Catarina haverá aumento da temperatura, porém com valores de deficiência hídrica inferiores ou próximos de 200 milímetros por ano, “o que não interfere na produtividade do eucalipto”. Já as regiões limítrofes entre o estado do Paraná e de São Paulo, nos períodos analisados entre 2021 e 2040, poderá chegar a valores de redução de chuvas superiores a 300 mm/ano.
Em Itapetininga, a deficiência hídrica é mais alarmante e “o índice de crescimento da planta pode ser comprometido”, explica Assad, ao contar que a seca está aumentando nos meses de agosto, setembro e outubro. Ainda segundo ele, o comportamento diferente do clima já é sentido entre 2020 e 2030, mas na década entre 2030 e 2040 a cultura tende a ficar ainda mais vulnerável. Procurada, a Klabin optou por não conceder entrevista.
Outro cultivo que o pesquisador da Embrapa menciona como vulnerável às mudanças climáticas é o café. “Tem o problema de deficiência hídrica também. Com essas ondas de calor, quando ultrapassa os 34ºC, a planta aborta a flor, o que acontece com a laranja também, e aí o cultivo não vai para frente”, adiciona. Como solução, Assad menciona práticas como sombreamento com árvores frutíferas, irrigação por gotejamento e plantio em maiores altitudes.
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